Gestão Pautada em Assédio Moral no Sebrae Nacional

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Demissões por “Comportamento” Multiplicam-se na Diretoria Técnica, Configurando Gestão Pautada em Assédio Moral no Sebrae Nacional

Denunciado ao Ministério Público do Trabalho, por dezenas de queixas encaminhadas ao Conselho de Gestores do Sindicato Nacional Pró-Beleza, o Sebrae Nacional vive dias de terror para os seus colaboradores.

A denúncia está na titularidade do Doutor Paulo Neto (Raimundo Paulo dos Santos Neto), Procurador Federal do Trabalho da MPT – PRT 10ª Região que solicitou uma série de documentos e informações ao Sebrae Nacional à instrução do procedimento nº 0018**.2024.10.000-*

Segundo as queixas apresentadas ao sindicato, desde a entrada de Bruno Quick e Alessandro Machado nos cargos de Diretor Técnico e Chefe de Gabinete da Diretoria Técnica, respectivamente, os colaboradores do Sebrae Nacional têm vivenciado um verdadeiro pesadelo segundo relatos desse sindicato. Durante os mandatos 2019-2022 e 2023-2026, as escolhas de gerentes feitas por Quick teriam resultado em um clima organizacional deteriorado, com pesquisas de clima internas despencando e a saúde mental dos funcionários chegando a níveis alarmantes de adoecimento.

Imagem extraída do site: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/canais_adicionais/conheca_dirigentes

Sob a presidência de Carlos Melles, PL/MG, denunciado como assediador em escândalo midiático que o tirou do cargo em 2023, a Diretoria Técnica encontraria um ambiente propício para a blindagem de gerentes abusivos.

Entre as queixas dos denunciantes, Carlos Eduardo Santiago é apontado como perseguidor de colaboradores que se destacam, levando pessoas da equipe a pedirem a troca de unidade, ainda que sua formação e perfil estejam ligados à unidade que ele gerencia, e diversos afastamentos médicos. Santiago, conhecido como “Cadu” é afilhado do Chefe de Gabinete, Alessandro Machado, e foi protagonista de duas demissões controversas e ilegais. A primeira uma colaboradora em tratamento de câncer – o sindicato teve acesso ao laudo médico, demissão já irregular, e na semana passada também desligou uma das funcionárias mais admiradas do Sistema Sebrae, cujo trabalho é tido como irrepreensível tecnicamente internamente e pelo mercado. Ambas foram listadas em justificativas pífias, relatando “motivos comportamentais”. Cadu, derrubou recentemente o gerente Ivan Hussni, ex-diretor do Sebrae SP, de quem era adjunto, com apoio do padrinho. 

Diego Wander, Edileide Epaminondas e Ana Rodrigues, também gerentes e ex-gerentes são descritos como fonte de adoecimento da maioria dos integrantes de seus times por meio de manipulação e estigmatização segundo os integrantes de suas equipes ouvidos pelo sindicato. As histórias são muitas, mas um chama atenção: a demissão de um colaborador cuja esposa estava em tratamento de um câncer e que foi demitido por “não estar motivado”, absurdo que faz questionar que padrão de gestores a empresa disponibiliza ao país.

Quick também é acusado, pelos ouvidos pelo sindicato, de favorecer aliados, como Eduardo Curado, conhecido como “passador de slides do diretor”, foi de analista no gabinete de Bruno para gerente nacional, cargo que é remunerado com um dos maiores salários da entidade às exceção das diretorias, mais de 25 mil reais, sem um processo seletivo interno.

Todas as unidades da chamada Diretoria Técnica enfrentam interferências nas avaliações dos colaboradores por parte de Alessandro Machado, conhecido como “Tchê”, que também, segundo denunciantes, é acusado de “passar o rodo” nas colaboradoras e de agir de forma truculenta com os colegas. Essa queixa, segundo os colaboradores, chegou à Ouvidoria do Sebrae, mas não teve desdobramentos públicos.

Segundo as denúncias feitas ao sindicato o serviço de psicologia oferecido aos colaboradores do Sebrae Nacional alertou reiteradamente sobre a piora da saúde mental dos colaboradores à Unidade de Gestão de Pessoas, gerenciada por José Caetano de Andrade Minchillo, ex-Banco do Brasil e também indicado sem processo seletivo, mas nenhuma medida foi tomada em relação ao assédio moral. Esse mesmo gerente respondeu a uma colaboradora que buscou ajuda na gestão de pessoas, em evidente estado de crise de pânico, que “seria prejudicada se não fizesse a tarefa que estava determinada” ignorando o estado de incapacidade apresentado, segundo mensagem eletrônica que o sindicato teve acesso.

Na gestão de Quick e Machado, vários funcionários foram afastados por questões de saúde mental, o maior número já registrado no Sebrae. Uma funcionária afastada descreveu a situação como “uma tortura mental”, outra, também em afastamento médico disse que “morreria se não saísse da unidade que trabalha”.

Alessandro Machado, que parece ser um dos principais responsáveis pelo enorme problema do Sebrae já que seu nome aparece em todas as demissões citadas numa denúncia ao Ministério Público do Trabalho, coleciona queixas de colaboradores que compartilham características comuns: são excelentes técnicos, possuem ótima formação acadêmica (especialistas, mestres e doutores), foram promovidos, premiados e/ou escolhidos para representar o Sebrae em diversas frentes e oportunidades, são críticos e extremamente responsáveis com os recursos públicos, todos aprovados por concurso público, nenhuma indicação política. Parece ser, como seu afilhado, Cadu, um apreciador de demissões sem motivo técnico, segundo testemunhas.

Os desligamentos durante a gestão de Quick e Machado tiveram uma ligação: a justificativa “comportamental”, freqüentemente usada pelas empresas em casos de assédio moral em que não se tem um motivo real para demissões, sem qualquer reclamação formal das unidades estaduais do Sebrae, apenas a opinião do chefe de gabinete, Alessandro “Tchê” Machado e dos gerentes do seu time.

Pressionado por entidades representativas de setores econômicos importantes, Bruno Quick se esquiva da responsabilidade, sugerindo saídas suspeitas. Em uma das conversas sobre a demissão de uma colaboradora, tida como exemplar, ele sugeriu que a associação fizesse um convênio milionário com Sebrae e a colocasse com gestora do acordo, mantendo o salário que ganhava no Sebrae.

O problema se agravou na última semana com mais duas demissões de técnicas admiradas pelo time do Sebrae: mulheres, mães e analistas de destaque nacional, e acabou colocando numa saia justíssima a Diretora de Administração e Finanças, indicada pelo Centrão, a ex-deputada Margarete Coelho, PP/PI, que lidera a área que abriga a Unidade de Gestão de Pessoas e foi alçada ao cargo pregando “tolerância zero” com qualquer tipo de assédio. Uma delas, fato curioso mas que não causa surpresa, goza de estabilidade no emprego por ter adoecido no ambiente de trabalho. A sanha pelo poder é tamanha que até uma funcionária indemissível foi demitida, tal a sensação de impunidade. Dessa vez parece que o grupo foi longe demais.

O sindicato disponibiliza um canal exclusivo para denúncia em seu website, inclusive com preservação das fontes na forma do art. 5º, XIV, CF/88

Links citados nesta matéria:

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/11/28/presidente-sebrae-denuncias-assedio.htm

Fonte da matéria: https://probeleza.org.br/gestao-pautada-em-assedio-moral-no-sebrae-nacional/

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