Velocidade x pressa: o que o maratonista Yann Rodrigues tem a ensinar a um lutador

Em qualquer esporte, incluindo os de combate, ser veloz é uma enorme vantagem frente aos oponentes, contanto que a velocidade seja aliada à precisão. No dicionário, a palavra velocidade é definida como “movimento ou deslocamento rápido”; já a palavra pressa, “falta de calma e paciência ao agir, precipitação, afobação”.

Ou seja, não podem ser confundidas. Caso sejam, pode custar uma má performance, uma derrota ou pior, uma lesão. Para destacar a importância de saber dosar a energia e não cair na armadilha da afobação, conversamos com um especialista em velocidade, o corredor Yann Rodrigues, que abordou essa linha tênue entre ser rápido e calmo ao mesmo tempo.

“Quando iniciamos na corrida e percebemos que nosso esforço está diretamente ligado com nosso resultado, queremos evoluir o mais rápido possível. Quando se trata de pessoas competitivas, esse processo se acelera ainda mais. Você acredita que quanto mais correr, mais rápido irá atingir seus objetivos e melhorar seus tempos. É aí que a Corrida começa a nos dar lições pra vida. Nossa capacidade cardiovascular melhora muito mais rápido do que a velocidade que nossos músculos ‘entendem’ aquele novo ritmo”, atenta Yann Rodrigues.

Ou seja, nós conseguimos correr mais, mas nossos tendões, músculos e ligamentos ainda não estão preparados para isso. E é geralmente nos momentos que nos sentimos no ‘ápice’ que as lesões aparecem. Nosso corpo vai dando os sinais, mas nossa ânsia por resultados nos faz ignorá-los e, quando caímos na real, estamos sem poder correr por semanas ou até meses. Assim como na vida, a evolução na corrida é um processo. Não existe atalho ou caminho mais curto”, completa o especialista em maratonas.

Essa análise serve para qualquer outro esporte. Numa luta, por exemplo, vemos alguns lutadores fazendo um primeiro round intenso, mas não mantendo a mesma energia nos rounds seguintes, o que acaba comprometendo o resultado final. Além disso, também tem história de atletas que acabam gastando toda a energia durante os treinamentos, sem descanso, e acabam abatidos pelo overtraining. Tal erro pode custar uma carreira. Por isso, é importante respeitar as etapas, dosar energia e preservar a principal ferramenta de trabalho, o corpo.

“Eu vivi exatamente isso. Comecei a correr e, com apenas um ano de treino, fiz uma maratona em 2 horas e 43 minutos. Um tempo dos sonhos para qualquer atleta amador! Mas eu não respeitei os sinais do meu corpo, não descansei o necessário e sofri as consequências. Após a maratona, tive três lesões em sequência, fiquei quase quatro meses parado e agora estou recomeçando do ‘zero’. Não existe evolução fácil e rápida, não existe dinheiro fácil e rápido! Na corrida e na vida!”, enfatiza.

Yann Rodrigues é filho de corredores e foi apresentado ao esporte desde criança. No ano passado, conseguiu índice para a tradicionalíssima maratona de Boston, o que já seria um grande feito, mas que pode ser considerado ainda maior pelo fato de ter sido em sua primeira experiência em uma corrida do tipo. Além disso, ele é um fenômeno nas redes sociais, com cerca de 500 mil seguidores, somando Instagram e Tik Tok, onde aborda a corrida com bastante dicas e bom humor.

Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.