Bernardo de Assis Fala Sobre sua Trajetória na TV e Teatro.
Aos 26 anos de idade, o ator Bernardo de Assis foi um dos destaques da novela “Salve-se Quem Puder”, exibia às 19h na Rede Globo, onde viveu o office boy Catatau, que era apaixonado por Renatinha (Juliana Alves).
– Juliana é uma atriz incrível e trocamos bastante em relação aos nossos personagens dentro e fora de cena – ressalta o ator.
Bernardo interpretou Catatau, um homem trans, assim como seu personagem, também é um homem trans e entrou para a história da teledramaturgia brasileira ao protagonizar o primeiro beijo de um homem trans em uma mulher cis.
– Ter a oportunidade de estar em uma novela em rede nacional faz com que corpos trans sejam vistos e naturalizados na televisão. Foi um momento maravilhoso e isso é uma abertura de portas e uma desconstrução de pré-conceitos – diz.
O Bernardo é carioca, nascido no bairro de Inhaúma, zona norte do Rio. O ator começou muito cedo sua trajetória no mundo das artes. Com apenas seis anos de idade, já trilhava os seus primeiros passos.
– Eu sabia que seria ator a partir do momento em que fui ao teatro pela primeira vez, em um passeio escolar. Ao sair da peça, perguntei quem eram aquelas pessoas à professora, que me respondeu: “eles eram atores”. Depois disso, disse aos meus pais que queria ser “atores” e comecei a fazer teatro. Nunca mais saí – diz Bernardo.
Desde a primeira experiência, Bernardo tratou de dedicar aos estudos.
– Faço teatro desde os meus seis anos de idade entre cursos livres e técnicos. Aos 14 anos, entrei no Curso Profissionalizante de Atores da CAL e, aos 16, ingressei no curso de Interpretação na Faculdade CAL de Artes Cênicas e também no curso de Direção Teatral na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – lembra ele.
Além do teatro, o ator também tem outros projetos, como o seu primeiro curta, “Bhoreal”.
– Em 2020 dirigi meu primeiro curta, “Bhoreal”, que teve sua estreia em um festival com a Mídia Ninja, passando pelo Festival de Cinema de Vitória e pelo Festival For Rainbow. É um documentário sobre a Drag Queen Gervásia Bhoreal, que durante a pandemia fez alguns projetos com pessoas em vulnerabilidade social pelas ruas de São Paulo. Esse curta nasceu como um exercício do curso Audiotransvisual: uma iniciativa do cineasta André da Costa Pinto, que ofereceu uma formação online e gratuita a 30 alunos trans durante o período de isolamento social – completa.
Além de ‘Bhoreal’, Bernardo tem mais um documentário ficcional chamado ‘Filho Homem’, onde aborda as diferenças e as proximidades entre dois irmãos
– um criado para ser homem e outro para ser mulher.
– Eu produzi essa esquete durante a pandemia e o trabalho foi convidado para a ‘Mostra Todos os Gêneros’, que abordou as masculinidades, posteriormente passou pelo ‘Festival Arte como Respiro’, e por último foi selecionado para o ‘Festival Esqueterê’, realizado no final de março – complementa Bernardo.
Quem viu o ator na novela e está com saudades de Catatau, pode acompanhar seu trabalho no seriado ‘Transviar’ na TV Cultura, que ele protagoniza, nas séries “Nós” e “Noturnos”, ambas exibidas no Canal Brasil (e agora estão nos streamings do Globoplay e Canais Globo), além de ‘Todxs Nós’, produção da HBO, dirigida por Vera Egito e Daniel Ribeiro. Todas lançadas em 2020.
– O que venho conquistando aos poucos é fruto de anos de estudo e dedicação ao ofício de ator. Mas, com a transição, achei que isso não fosse possível, já que a nossa sociedade ainda tem uma grande dificuldade em enxergar existências trans. Então, fico muito feliz e realizado quando as oportunidades aparecem e por isso, as agarro com toda força e amor do mundo. Tento honrar cada porta que se abre, para que futuramente outras pessoas possam também estar nesses espaços – finaliza.
Créditos:
Fotógrafo: Anderson Macedo (@andersonmmacedo_ | @demmacedo )
Artista: Bernardo Assis (@bedeassis)
Make: Márcio Merighi (@mamerighi )
Styling e Ass.: Victor Belchior (@victorbelchior )